Após a queda do governo de direita, Portugal ameaça repetir o caminho grego sob um governo de esquerda: primeiro, rejeitará orgulhosamente as medidas de austeridade, mas, no final, terá que apertar ainda mais o cinto com os dentes cerrados.
Até agora, em comparação com a Grécia, Portugal tem sido considerado um país modelo que conseguiu sair da crise mais profunda com a ajuda da ajuda internacional e no quadro dos mecanismos de resgate europeus, escreve o semanário austríaco Formatar.
De facto, em 2011 o país pirenaico, que estava efetivamente falido, recebeu 78 mil milhões de euros em ajudas (países europeus, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional). Em troca de ajuda, teve que implementar medidas de austeridade e reformas sob o olhar atento da chamada troika.
Sob a coligação de centro-direita dos sociais-democratas (os sociais-democratas portugueses são, apesar do seu nome, um partido de centro-direita, op. p.) e do Partido Popular Democrata Cristão, liderado por um social-democrata Pedro Passos CoelhoPortugal conseguiu.
Com uma população de 10,6 milhões, Portugal, que por muito tempo foi o país mais pobre da Europa Ocidental, conseguiu pagar a ajuda internacional antecipadamente com a ajuda de maiores entradas de impostos e saiu do mecanismo de resgate europeu em maio passado, ficando financeiramente independente.
O desemprego também diminuiu nos últimos anos, e a recuperação econômica também começou. Em 2012, por exemplo, a economia portuguesa encolheu quatro por cento, mas agora já cresceu 1,7 por cento.
Mas medidas de austeridade impopulares corroeram a popularidade do governo de centro-direita. Se em 2011 a coligação de centro-direita conquistou 132 assentos no parlamento de 230 membros, nas eleições de outubro deste ano a coligação de Coelho A seguir, Portugal recebeu a maioria dos votos (38,6 por cento), mas não a maioria absoluta.
No geral, os partidos de esquerda obtiveram mais votos. Presidente português Aníbal Cavaco Silva primeiro ofereceu o mandato para formar o governo a Coelho, mas seu governo de centro-direita caiu depois de pouco mais de um mês.
De acordo com a constituição portuguesa, o programa do governo apresentado pelo primeiro-ministro deve ser aprovado pela maioria dos deputados, caso contrário o governo cairá automaticamente. Em uma votação no parlamento na terça-feira, 123 deputados votaram contra o programa e o governo caiu.
Para derrubar o governo minoritário de centro-direita, os socialistas de centro-esquerda uniram forças com o Bloco de Esquerda Marxista, os Comunistas e os Verdes. Agora, os partidos de esquerda tentarão formar um novo governo sob a liderança de um socialista Antonio Costa.
Mas as demandas da esquerda não são um bom presságio para o futuro. Como o Syriza na Grécia, os comunistas estão tentando acabar com as medidas de austeridade rigorosas e eliminar algumas reformas ou medidas de austeridade que já foram adotadas. Entre outras coisas, eles querem aumentar o salário mínimo dos atuais 505 euros para 600 euros até 2019.
Eles também querem eliminar a redução de pensões e salários de servidores públicos. Costa afirma que seu governo de esquerda respeitará as obrigações internacionais e manterá o déficit orçamentário abaixo de três por cento do PIB. Mas economistas questionam a realidade dessas previsões.
Ministro das Finanças de centro-direita de Portugal Maria Albuquerque alerta os portugueses que pode acontecer a Portugal o mesmo que aconteceu à Grécia, que rejeitou as condições dos credores internacionais num referendo em junho, para aceitar de joelhos condições ainda mais duras um mês depois.
115 dos mais importantes empresários portugueses também alertaram contra a virada de Portugal para a esquerda, o que pode comprometer a recuperação econômica. Portugal ainda não saiu do mar financeiro conturbado.
Sua dívida pública ainda é de impressionantes 124,7% do PIB. Se somarmos as dívidas do banco, das famílias privadas e das empresas, a dívida total é de 500% do PIB. Para efeito de comparação, a dívida total da Grécia é de 400% do PIB.
As consequências de uma viragem à esquerda em Portugal são susceptíveis de ser semelhantes ao caso grego: vários meses de negociações nervosas com os países do euro, com problemas portugueses simultâneos nos mercados financeiros. Os preços das ações na bolsa de valores portuguesa já caíram, as taxas de juro dos títulos do governo grego aumentaram, há uma ameaça de queda nas classificações de crédito…