LISBOA (Reuters) – O principal partido da oposição de Portugal, os Sociais Democratas, chegou a um acordo na noite de quinta-feira com o CDS-PP, de direita, para uma aliança pré-eleitoral, enquanto buscam aumentar suas chances de vencer as eleições gerais de março.
O primeiro-ministro português, Antonio Costa, do Partido Socialista (PS), renunciou em 7 de novembro devido a uma investigação sobre supostas ilegalidades na forma como seu governo lidou com negócios de lítio, hidrogênio e centros de dados.
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa convocou eleições antecipadas para 10 de março.
Os sociais-democratas (PSD), liderados por Luís Montenegro, consideraram que o acordo pré-eleitoral, a assinar no domingo e conhecido como Aliança Democrática (AD), tem “inspiração histórica e simbolismo”.
A maioria das sondagens de opinião colocam o PS, agora liderado por Pedro Nuno Santos, lado a lado com o PSD, mas uma sondagem divulgada a 1 de janeiro mostrou os socialistas com 34,1% dos votos, contra 24,8% do PSD. A nova aliança deverá fortalecer a posição dos sociais-democratas.
Uma coligação semelhante em Portugal, em 1979, obteve uma maioria parlamentar absoluta no ano seguinte.
A aliança também garantiria o regresso do CDS-PP de direita ao parlamento, depois de não ter conseguido eleger nenhum legislador nas últimas eleições gerais de 2022, disse o seu líder, Nuno Melo.
O cientista político Adelino Maltez disse que embora o CDS-PP não tenha conseguido garantir assentos em 2022, o partido “não estava morto”, ainda tinha um nível de apoio público e tinha presença mediática: “Foi isso que convenceu Montenegro”.
Muitos analistas temem um impasse pós-eleitoral dada a ascensão do partido populista e anti-establishment Chega.
“Uma verdadeira renovação da AD é impossível porque o nascimento do Chega mudou completamente o quadro político”, disse Maltez.
Estabelecido em 2019, o Chega, de extrema direita, emergiu como a terceira maior força parlamentar de Portugal, conquistando cerca de 7% dos votos nas eleições de 2022. A sondagem Aximage de segunda-feira mostrou que o apoio ao Chega pode agora crescer para 16,3%. O PSD descartou torná-lo um aliado.
O PS está no poder desde 2015 e o primeiro mandato de quatro anos de Costa foi conquistado através de uma aliança de extrema-esquerda com o Bloco de Esquerda e os comunistas.
Nuno Santos coordenou com sucesso o apoio a essa aliança e desta vez não descartou uma semelhante. A líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, também sinalizou a sua vontade de negociar uma aliança. Reuters