Segundo as conclusões de uma comissão independente, pelo menos 4.815 menores foram vítimas de abuso sexual na Igreja Católica portuguesa desde 1950, revelam os dados hoje apresentados. A comissão coletou mais de 500 depoimentos em cerca de um ano, segundo a mídia estrangeira.
Como disse o coordenador da comissão independente e um psiquiatra infantil Pedro Strechtos depoimentos revelaram uma rede muito mais ampla de vítimas, totalizando pelo menos 4.815, com a grande maioria dos casos já prescritos e 25 entregues à polícia, que já iniciou várias investigações.
A investigação foi ordenada pela própria Igreja
No final de 2021, a Igreja portuguesa ordenou uma investigação sobre abuso sexual. A comissão, formada por seis especialistas, iniciou seus trabalhos em janeiro passado. Já no outono, informou sobre os depoimentos de mais de 400 supostas vítimas de padres católicos no país, afirma. STA.
Confissão de uma mulher que se preparava para entrar nas freiras
Um dos casos investigados pela polícia é o depoimento de uma mulher de 43 anos que afirma que aos 17 anos, quando se preparava para ingressar nas freiras, foi estuprada por um padre durante a confissão. Depois de vários anos, ela denunciou o agressor às autoridades da igreja, que teriam encaminhado sua denúncia apenas ao Vaticano, de onde não obteve resposta. Como ela disse em uma entrevista para AFPela encontrou a compreensão e o apoio de que precisava na comissão independente.
Prelado da Igreja Portuguesa Manuel Clemente em abril passado, ele expressou sua vontade de admitir os erros do passado e pedir perdão às vítimas. Hoje, ele também participou da apresentação das conclusões finais da comissão independente.
Investigações semelhantes à de Portugal têm sido lançadas, por exemplo, na Austrália, França, Alemanha, Irlanda e Holanda.
A luta do Papa contra o abuso sexual
Ao longo de seu pontificado, o Papa Francisco também enfatiza a luta contra o abuso sexual dentro da Igreja. Em 2020, por exemplo, ele expressou uma demanda por medidas mais rígidas na resposta interna da igreja a abusos sexuais e outras ofensas graves, que devem ser processadas “estrita e transparentemente”. É urgente proteger “a dignidade humana ferida, especialmente no caso das crianças”, sublinhou.