A Europa, que tem vindo a aquecer duas vezes mais rapidamente que a média global desde a década de 1980, teve no ano passado o verão mais quente de que há registo, com países como França, Alemanha, Itália, Portugal, Espanha e Reino Unido a registarem o ano mais quente de que há registo, diz o relatório. O estado do clima na Europa 2022 é resumido pela agência de notícias francesa AFP.
Devido às altas temperaturas, secas severas e incêndios florestais afetaram a Europa, e milhares de pessoas também morreram devido ao calor, alertou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, quando o relatório foi publicado.
As temperaturas em todo o continente aumentaram 1,5 graus Celsius entre 1991 e 2021. Em comparação com a era pré-industrial, o ano passado foi 2,3 graus mais quente, segundo o relatório.
O mundo aqueceu em média quase 1,2 graus desde meados do século XIX, sendo as populações mais vulneráveis e os países mais pobres do mundo, que não contribuem muito para o aquecimento das emissões de gases com efeito de estufa, os mais duramente atingidos.
O calor extremo causou mais de 16 mil mortes em toda a Europa no ano passado, afirma o relatório, enquanto as inundações e as tempestades foram responsáveis pela maior parte dos 2 mil milhões de dólares em danos causados por fenómenos meteorológicos e climáticos.
“Infelizmente, isto não pode ser considerado um evento único ou um clima incomum”, disse o diretor do programa Copernicus, Carlo Buontempo, no relatório. Com base na compreensão actual do clima e da sua evolução, tais eventos fazem parte de um padrão que tornará o stress térmico extremo mais frequente e intenso em todo o continente, explicou.
O aumento das temperaturas causou danos às economias e aos ecossistemas, apontam os investigadores.
Nos Alpes, os glaciares registaram um novo recorde anual de perda de massa no ano passado, causado por muito pouca neve no inverno, um verão quente e depósitos de poeira do Saara soprados pelo vento.
A precipitação esteve abaixo do normal na maior parte do continente europeu, o que afetou a produção agrícola e as reservas de água e, ao mesmo tempo, criou condições para surtos de incêndios florestais. Em 2022, foi a segunda maior área ardida na Europa, com grandes incêndios afetando partes de França, Espanha, Portugal, Eslovénia e República Checa, destacou o relatório.
Entre as conclusões positivas, os investigadores destacaram a produção de centrais eólicas e solares do ano passado, que representaram 22,3 por cento da eletricidade total da UE, ultrapassando assim o gás fóssil (20 por cento) pela primeira vez.
Segundo o relatório, isto se deve a vários fatores, incluindo um aumento significativo na implantação de usinas de energia solar.
“O sol e o vento complementam-se ao longo do ano: a radiação solar é maior no final da primavera e no verão, enquanto a intensidade do vento é normalmente maior no inverno”, acrescenta o relatório.